Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)  estabelece que as escolas devem cumprir 200 dias letivos, com os intervalos das férias de julho e de verão. Mas há quem continue a se perguntar se essa pausa tem de fato sua importância, repercutindo positivamente no desempenho escolar, seja qual for a idade do aluno.

A resposta? Sim. E ela vem embasada na opinião, entre outros, de profissionais da rede privada de ensino de São Paulo – por sinal, especialistas a serviço de alguns dos melhores endereços da cidade. “O descanso permite fazer reflexões que a rotina diária impede”, ressalta Áurea Bazzi, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Albert Sabin. “Com o distanciamento do ambiente escolar, o aluno faz outra leitura, ele apreende diferentemente os conteúdos transmitidos durante o ano letivo”, acrescenta Marta Campos, coordenadora de comunicação da Escola Viva.

É mais ou menos assim: se a criança chega à escola já ciente de que a água ferve sob a ação do fogo, será na sala de aula que ela vai entender as razões científicas desse processo – conteúdo que irá “digerir”, quando tiver tempo livre para pensar. Essa ideia de usar o tempo em proveito próprio, sem o esforço de produzir (e ter de se destacar), é vital para o equilíbrio emocional e cognitivo da criança – e também do jovem, na opinião da pedagoga Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisa do Brincar, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). “Imagine o estresse que o jovem enfrenta na fase que antecede o vestibular… Ele precisa de uma pausa mais do que todos!”, alerta.

Para Maria Ângela, esse é o momento adequado “… de a família se programar para passar alguns dias próximos, dedicando-se ao lazer”, sugere. “Férias significa isso, ficar junto, brincar junto, tanto faz a idade… A mãe, que faz um bolo com a filha, o pai, que anda de bicicleta com o filho e o cachorro…”, exemplifica Áurea. “O período de férias não é perda de tempo, mas sim tempo dedicado ao lúdico”, conclui.

Há, no entanto, o pai e a mãe interessados em aproveitar a pausa para “equipar” seus filhos de mais informação, inscrevendo a garotada em cursos especiais durante as férias. “São pais preocupados em tornar os filhos capazes de sobreviver o quanto antes no mercado de trabalho competitivo”, aponta Marta Campos. “Só que eles deixam de lado o fato de que nem tudo se adquire estudando, mas sim vivenciando na pele o que acontece de modo imprevisível, a situação inédita.”

Moral da história? Quanto maior o ócio, maior a possibilidade de a criança e/ou o jovem recuperar o fôlego e voltar “tinindo” para a escola. Outra razão de reavivar as ideias de Domenico de Masi, sociólogo italiano e autor de “O ócio criativo”, entre outros livros. “A plenitude da atividade humana é alcançada somente quando nela coincidem, se acumulam, se exaltam e se mesclam o trabalho, o estudo e o jogo; isto é, quando nós trabalhamos, aprendemos e nos divertimos, tudo ao mesmo tempo…”.
Para ser lembrado todos os dias, nos lares brasileiros, às refeições.

Fonte: Educar para Crescer