A participação dos pais no dia a dia escolar é muito importante para o bom desenvolvimento dos filhos, mas é preciso equilíbrio. Primeiro no sentido de permitir a autonomia da criança, mesmo que haja a necessidade de ajudá-la. Fazer a lição por ela, por exemplo, não ajuda em nada. “Quando a dúvida vier, não é para dar tudo pronto, mas fazer com que ela construa sua própria resposta. Dependendo da idade, os pais podem acompanhar diariamente as tarefas e trabalhos que a criança tem que fazer, sempre ajudando a ir se planejando e organizando essa vida, um apoio visando à autonomia. Deve-se deixar que a criança tente primeiro fazer e, só quando ela não estiver dando conta, sentar ao lado dela e explicar o processo”, explica Quezia Bombonatto. 
Uma questão que vem extrapolando esses limites são os grupos de pais no WhatsApp. É fato que a ferramenta pode ser muito útil para aqueles que trabalham fora e não conseguem acompanhar tanto a rotina escolar, para promover a interação entre as famílias e até achar uniformes trocados por engano. Mas as conversas pelo aplicativo estão tomando outras proporções: vão de reclamações de professores a queixas contra a criança que bateu no filho, e até alarmes falsos sobre alunos com doenças contagiosas que continuam frequentando as aulas. Um mal-entendido criado em um grupo de pais no WhatsApp levou a coordenação da escola Curupira, em Joinville (SC), a escrever e enviar uma carta a todas as famílias orientando sobre o uso da ferramenta para tratar assuntos relacionados à escola ou aos alunos. “Tomamos essa atitude com o intuito de que, antes de publicar, a pessoa faça uma análise: isso interfere nas atividades do meu filho dentro da escola? Compromete outras pessoas? Se isso fosse falado de mim, como eu reagiria? Isso porque, na maioria das vezes, ninguém além da escola vai resolver determinada situação. É melhor levar sua reclamação diretamente à coordenação e não criar polêmica no grupo”, defende Adriana da Silva Medeiros, orientadora da instituição.
A professora Thais Nicastro, autora do site mamaeleciona.com, é mãe de João Victor, 10 anos, e Pedro, 5. Ela tem a visão dos dois lados e concorda que a ferramenta é muito útil e prática para acompanhar a rotina da turma e interagir com outros pais, mas também lembra que o WhatsApp não é o lugar indicado para resolver problemas específicos do seu filho nem questões relacionadas ao cotidiano da escola. “Acaba prejudicando o próprio trabalho pedagógico, tirando autonomia e espaço do professor de mediar conflitos entre os alunos, por exemplo”, diz. As escolas não podem interferir nesses grupos de pais, mas, quando houver necessidade, devem se posicionar quanto aos usos que identifica em sua comunidade. “Temos que nos colocar em relação aos temas que chegam objetivamente pelas famílias em entrevistas ou reuniões de pais, sem se deixar levar pelo ‘falaram no grupo de pais no WhatsApp’”, diz Fernanda Flores, diretora pedagógica da , em São Paulo (SP), que publicou no blog da instituição um texto para orientar os pais sobre o assunto.

Crédito do texto e da foto: Revista Crescer